
Tranquei-me dentro de mim...
Segurei no meu velho baú,
Tirei-o da prateleira.
É nele que tenho guardados
Os assentos da vida inteira.
Ela está escrita em livros,
E cada um tem sua cor.
O que tem as folhas rosa
É o destinado ao amor.
Ao abri-lo, vi sem surpresa
Que entre o deve e o haver
A diferença continua tanta
Ficando eu sempre a perder.
Depois veio o da saudade,
Que abri devagarinho,
Tem as páginas tão amarelas ,
Mais parecem um pergaminho.
Li os nomes nelas escritos
E a saudade, ai como doeu...
Recordei-os todos, um a um,
Entre eles também está o teu.
A seguir tirei o da esperança,
Capa verde, tão desbotada...
Lá dentro estão todos os sonhos
Duma vida em vão sonhada.
Chegou a vez do da solidão,
Cinzento, vazio e ressequido...
Afaguei-o junto ao peito e senti
Que a vida não tem sentido.
Nada encontrando de novo
Depois do balanço terminar.
Levantei-me, guardei os livros,
Coloquei o velho baú no lugar....
....Destranquei-me de dentro de mim
E, em vão, tentei não chorar...
Leonor Costa
Em 05.01.2008